quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Ester Myriam Rojas Osorio

Educação como resposta responsável  no ato artístico de gabriela mistral
Profª Drª Ester Myriam Rojas Osorio
UNESP/Assis

Gabriela Mistral (1889-1957), poetisa chilena, ganhadora do Premio Nobel de Literatura em 1945, do Premio Nacional de Literatura em 1951, desempenhou vários cargos diplomáticos representando seu país, como professora primária se destacou pelo amor às crianças e pela preocupação com a educação. Mulher respeitada por seu intelecto, iluminada pelo seu espiritualidade, encontrava prazer no cotidiano, foi capaz de enfrentar suas próprias contradições com ousadia e força, e, trazer a tona, altas reflexões sobre câmbios políticos e sociais vividos, nessa época, pela sociedade chilena e  pelo continente. Entre suas obras mais conhecidas encontramos Desolación (1922), Tala (1954), Lagar (1954). Ultimamente, tem se editado algumas obras póstumas como Poemas de Chile (1967), em 2009 foi editado: Gabriela Mistral - Bendita Lengua sea. Diário intimo (2009), trabalho autobiográfico que foi reconstituído por Jaime Quezada, que utilizou as notas, apontes, reflexões, artigos e entrevistas da escritora, recopiladas e guardadas, por ela, desde os quinze anos.  
Neste trabalho, propomos um dialogo tendo em mãos alguns conceitos Bakhtinianos e a obra póstuma de Gabriela Mistral – Bendita Lengua sea. Diário íntimo.
O autor ao escrever sua autobiografia, como aclara FARACO: 2008, precisa se posicionar axiologicamente frente à própria vida, submetendo-a a uma valoração que transcenda os limites do apenas vivida. Autor e herói ficam perto um do outro, mas não chegam a se confundir, o herói assume uma voz responsiva de acordo à consciência social do autor, demonstra um excedente de visão para justificar os conflitos entre eles. Estes conflitos, ao serem contemplados desde o plano externo, pelo autor, se dão numa comunidade, desde essa posição é que ele organiza o ato, os sentimentos, pensamentos e conflitos, de acordo aos valores de mundo dos outros. Árdua tarefa esta do artista que tem que achar o enfoque da vida desde um plano externo.
Nesta obra autobiográfica, vemos esta dualidade entre autor e herói em alguns passagens que vale a pena analisar:
1)Solo hay para mi uma dignidad, más que eso: una divinidad, ante la que tenemos el deber de prosternarnos,
y que se debe respetar y adorar: la de la inteligencia. Ser gusano del mundo social no me importa, pero lo que me exasperaría sería ser, por la derrota, mediocridad del mundo intelectual.
Tengo una obsesión: la gloria. Una religión: el deber.  Una pasión y locura: el Arte.
Tengo una sonrisa eterna en los labios para responder a los émulos coléricos y a los cobardes insultadores: es la sonrisa de la potencia y de la grandeza ante la debilidad y la pequeñez.(pag.40)
           
Podemos tentar traçar o perfil de nossa heroína: ela sente que: a pesar de enfrentar uma sociedade desigual, que só valoriza oro, ela que tem maior amor pelas letras e sobre tudo pela arte, sente se superior a aqueles que optaram pela arrogância apoiados na ignorância.  Logo, podemos apreciar que: graças à contemplação e analise que á autora faz, desde um lugar social e tempo determinado, que: na sociedade chilena da metade do século xx se vem gritantes diferenças sociais, e quem enxerga melhor estes conflitos, são os intelectuais e artistas, que conseguem, a través de suas obras, dar uma resposta a essas inquietudes.     
2)Amo a la humanidad no por mandamiento divino sino por natural . A los seres irracionales de uma misma espécie nadie les ha enseñado que se protejan ni se amen, y sin embargo, lo hacen. Amo esa legión fatídica de la Humanidad que forma su faz negra: el Pueblo. (pag 42)         

Não só a dor física da fome é vista pelo artista que quer mostrar essa sociedade a través de seu herói, aparece aqui também, a dor moral, que é mis grave, essa dor que não é sentida nem pelas bestas em conflito, totalmente irracionais. Ou seja que a situação da minoria na mãos de uma maioria é deplorável.
3) la instrucción de la mujer es uma obra magna que lleva em si la reforma completa de todo un sexo. Porque la mujer instruida deja de ser esa fanática ridícula que no atrae a ella sino burla; porque deja de ser esa esposa monótona que para mantener el amor conyugal no cuenta más que con su belleza física y acaba por llenar de fastidio esa vida en que la contemplación acaba. Porque la mujer instruida deja de ser ese ser desvalido que, débil para luchar con la miseria, acaba por venderse  miserablemente si sus fuerzas físicas no le permiten ese trabajo. (pag. 43)
           
Vemos nesta citação do trabalho de Gabriela, uma possível saída, um possível caminho apontado pela heroína, esta seria a instrução, ou seja o caminho da educação que deveria ser percorrido depressa pela mulher, esta seria a ferramenta que lhe permitiria dignificar sua vida, conseguir sua dignidade e o amor. Esta solução só é conseguida pelo autor graças a seu cuidadoso análise feito desde um lugar exterior em que consegue apreciar os movimentos éticos da sociedade.
            Para a autora, já na primeira metade do século xx, o amor é um sentimento que só é possível para os seres livres.
Vale  mencionar a condição da mulher vista por OCTAVIO PAZ: 1967, que menciona a condição da mulher através da história, na obra Corriente Alterna.
En la antigüedad la mujer podía ser objeto de veneración o deseo, no de amor; diosa o esclava, objeto sagrado o utensilio doméstico, madre o cortesana ,hija o sacerdotisa, ni siquiera su cuerpo era suyo:era el doble ambigüo del s cosmos, el depositario de las fuerzas benéficas o nefastas del universo. Primero en Alejandría y después y sobre todo en Roma, la mujer inicia la lenta reconquista de sí misma. Más tarde el cristianismo le daría el alma y libre albedrío, ya  que no la libertad corporal..........En todo caso, el amor no es la libertad sexual sino la libertad pasional; no el derecho a ejercer  una función fisiológica sino la libre elección de un vértigo.(pag.15) 
           
Podemos concluir que o autor de una autobiografia se apóia em seu herói para dar a conhecer análise dos conflitos de um determinado grupo social, e de um determinado momento histórico. Após apresentação dos problemas,  ele é capaz de apontar alguns caminhos para a solução dos conflitos. Assim vemos o artista criador da narrativa estética, ele que consegue ser ativo além do sua vida cotidiana, de compreende-la, tanto desde seu interior como no seu exterior, ou seja, mostra ter um excesso de visão.

BIBLIOGRAFIA
BAKHTIN, M. (VOLOCHINOV) Marxismo e Filosofia da linguagem. São Paulo: Hucitec, 1992.
BAKHTIN, M. Estética de la creación verbal. Tatiana Bubvona (trad). Buenos Aires: siglo xxi Editores, 2011.
BRAIT, B. (ORG). Bakhtin conceitos-chave. São Paulo: Editora Contexto, 2008.
MISTRAL, G. Bendita mi lengua sea. Diario intimo. (edición de J. Quezada. Santiago: Editoral Planeta, 2002.
PAZ, O. Corriente Alterna. Mexico:Siglo xxi editoras, 1967.

Nenhum comentário:

Postar um comentário